13.4.10

Fatos sobre a perseguição de Serra contra os professores (atualizado em 15/04/10)

A foto acima foi registrada pela agência Estado durante a repressão feita pela polícia militar (PM) contra os professores perto do Palácio dos Bandeirantes no dia 26/03/10. Aliás, esse terrível episódio eu relatei no artigo anterior. A agência disse no primeiro momento que o rapaz era um professor carregando uma policial supostamente ferida. Depois de divulgada a foto, o comando da PM divulgou nota dizendo que o rapaz não era manifestante, mas sim um policial militar do serviço reservado, chamado de P2. Ainda disseram - o que ficou mais ridículo ainda - que o policial estava apenas passando por ali naquela hora. Quanta coincidência!. Professores de Osasco disseram que este policial embarcou no ônibus deles para ir até a manifestação naquele dia, mas não conseguiram identifica-lo. Isso tudo comprova a desconfiança de muitos de que havia agentes infiltrados. Infiltrar agentes do estado em movimento grevista não era visto desde a época da ditadura militar no país. A policial carregada na foto foi atendida no hospital Albert Einstein, pois segundo a PM esta teria levado uma “paulada” na cabeça. Pela foto não dá para saber, então a equipe do jornalista Luiz Carlos Azenha apurou com o hospital. Lá disseram que a policial deu entrada e foi liberada minutos depois. Um médico do hospital disse à reportagem que se a policial tivesse levado uma paulada na cabeça, eles teriam que ter feito mais exames e fazer uma tomografia, o que levaria muito mais tempo. Então parece que não foi tão grave assim como disse a nota da PM. Também houve relatos de caravanas de professores do interior que foram parados pela polícia em praças de pedágios antes de chegar em São Paulo. Isso foi filmado pela caravana de Ourinhos que foi retida por mais de meia hora no pedágio de Barueri no dia 19/03/10. Como mostra o vídeo, policiais ainda filmaram e tiraram fotos dos ônibus e de seus ocupantes. Mais uma prova da perseguição da polícia, a mando de Serra, contra o movimento grevista. Aliás, a PM além de perseguir e agredir, também mentiu sobre as manifestações. No dia 19/03/10, por exemplo, havia no mínimo 50 mil pessoas na passeata, mas o comando policial disse que só havia 8 mil.
Olhando a foto dá pra ver a mentira da polícia. Assim também mentiu o governo tucano dizendo que só havia 1% dos docentes parados, pois só no dia dessa manifestação havia no mínimo 25% da categoria parada. É só saber fazer conta, pois arredondando o número de docentes para 200 mil, o 1% alegado pelo governo seriam 2 mil professores, ou seja, até a conta mentirosa da PM desmente esse 1% alegado pelo Serra. Outra, a PM e o governo de São Paulo alegaram que a repressão do dia 26/03/10 teve que ser feita devido a uma lei (típica de regimes ditatoriais) que proíbe manifestações na frente do Palácio dos Bandeirantes. Aliás, essa lei foi procurada pelo professor David, o qual relata em seu blog que não conseguiu achar a tal Resolução 141 de 20/10/1987. Estranho né? Já que essa lei é de 1987, então o que vale é a Constituição Federal de 1988. No artigo 5º da Constituição de 1988 diz: "XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;" . Outra, área de segurança não proíbe automaticamente manifestações pacíficas e como diz a lei federal, é só avisar as autoridades antes (o que foi feito) e o governo não tem o poder de autorizar ou não. Incrivelmente uma semana depois na despedida do Serra, o PSDB organizou uma festa e levou algumas centenas de “militantes” na frente do Palácio. Ainda instalaram dois telões para transmitir o seu discurso eleitoral e depois Serra foi para fora do prédio saúda-los. Por que a lei não foi aplicada pela polícia nesse caso? Quer dizer, quando é a favor pode.
Nesse mesmo dia da despedida do ex-governador, houve mais uma manifestação de professores na Paulista e a polícia mais uma vez tentou esvazia-la. Dessa vez, eles não deixaram o caminhão do sindicato chegar na avenida Paulista, pois ameaçaram o motorista de levar 17 multas. Mais uma prova de pura perseguição do governo Serra revelando o seu perfil autoritário e anti-democratico.
Tudo isso que foi relatado, não ganhou manchetes e indignações da grande imprensa brasileira, ou melhor, das Organizações Serra de Jornalismo. Imagino que se tudo isso tivesse acontecido na Venezuela contra o Chávez ou contra o Lula, ai sim a mídia alardearia para todos que essas ações do governo contra os professores seriam típico de um regime ditatorial.
Pra quem não conhece a situação da educação e acredita na propaganda mentirosa do governo estadual (aquela dos dois professores por sala!) também é iludido pela manipulação da imprensa contra os professores. Somos tachados de baderneiros, por exemplo, como fez o membro do conselho editorial do jornal Folha de S.Paulo e puxa-saco do Serra, Gilberto Dimenstein. Esse sujeito sem vergonha ganhou de 2006 até hoje a quantia de R$ 3.725.222,74 da prefeitura de São Paulo (Kassab) e do governo estadual paulista (Serra). Incrivelmente essa montanha de dinheiro público para o bolso desse cidadão, foi desembolsada devido à “projetos educacionais” dos governos com a sua organização chamada Associação Cidade Escola Aprendiz e foi descoberto pelo excelente blog NaMaria News. Por isso que o nobre “educador” escreve artigos parabenizando o governador e chamando os professores de baderneiros. Os xingamentos e generalizações a categoria é ainda pior no jornalismo de esgoto como a revista Veja e seus articulistas/blogueiros que são os assessores de imprensa do Serra e de seu partido. Para esses e seus seguidores (os ratos de esgoto) nós somos retratados como pessoas perigosas, sindicalistas e adjetivos chulos que não valem a pena repetir aqui. O que eles não sabem é que a maioria dos docentes que estavam nas manifestações representa o perfil médio da categoria, ou seja, eram mulheres de meia-idade, cansadas de anos de salário baixo e condições precárias de trabalho. Essas fotos abaixo ilustram os professores “baderneiros” e “perigosos” que oferecem tanto perigo para os fortes esquemas de segurança montados durante as assembléias e a repressão policial.



Vejam que são pessoas que representam séria ameaça à ordem e a segurança pública do estado. São essas pessoas que o Serra disse que não se reunia pessoalmente, pois fazem parte de uma categoria de trabalhadores “mal vistos pela sociedade”. São essas pessoas que o ex-governador prefere mandar a polícia jogar bombas a recebê-las para negociar. Os fascínoras de plantão que adoram ver tudo isso e acha normal e ainda pede punições contra os grevistas podem ficar mais felizes, pois o governo tucano já toma as atitudes ditatoriais que estes gostam e almejam em um governo. Infiltrar agentes em movimentos sociais e grevistas, prender pessoas que protestam democraticamente em eventos públicos (como fizeram com 4 professores em Franco da Rocha), usar a pura repressão contra passeatas perto da sede de governo, mentir e ocultar tudo isso com o apoio da grande imprensa são típicos de governos tucanos. A charge abaixo é para finalizar, pois exemplifica muito bem como Serra e seu partido tratam a educação.

PS: A foto abaixo é da turma de Piracicaba que foi em todas as manifestações em São Paulo. Abraço a todos.
PS 2: Esse artigo foi publicado no Jornal A Tribuna Piracicabana. Agradeço enormemente o Erich.◦
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Um comentário:

Washington disse...

Muito bom o texto. Em outras palavras, relata o sentimento de revolta de todos aqueles que ainda não abaixaram a cabeça e caminham rumo ao combate, à luta, por uma educação de qualidade. Beto, valeu pelo empenho e estamos aí. abraços, Washington.