27.9.10

A irracionalidade da direita, segundo o direitista Cláudio Lembo

O embate político no Brasil se radicalizou e a imprensa se tornou de vez um partido político (PIG) engajada juntamente com a oposição contra o governo Lula e sua candidata, Dilma Roussef. Isso já é fato e qualquer um com o mínimo de senso crítico percebe isso. A imprensa e seus donos sempre foram ligados ao poder e tiveram muitos privilégios devido á isso. Radicalmente alinhada à direita, a grande imprensa brasileira participou ativamente do golpe de 1964 e agora está na linha de frente da tropa de choque como cabo eleitoral do PSDB e seu candidato Serra. Aliás, finalmente o Estadão assumiu isso, mesmo que tardiamente e todos já sabiam da militância do jornal em favorecer Serra e os tucanos.
A direita no Brasil hoje é majoritariamente representada pelo PIG e seus trogloditas que babam na TV, jornal, revistas (não preciso nem dizer qual...) e blogueiros de esgoto. Aliás, a direita daqui já está no nível baixo da direita norte-americana, a qual chega ao cúmulo de duvidar se Obama é nascido nos EUA e o tacham de terrorista muçulmano esquerdista. Já os direitóides tupiniquins já chamam a candidata Dilma de “terrorista” e agora tentam fazer um falso alarde sobre o cerceamento da liberdade de expressão e imprensa.
Mas ainda há uma direita sensata e coesa que procura debater sem ataques rasteiros e sujos, como vêm acontecendo nessas eleições. O ex-governador de São Paulo pelo PFL (atual DEM), Cláudio Lembo, é um exemplo. Ele ficou conhecido por reconhecer que o Brasil possui uma “minoria branca muito perversa” e seleciono um trecho dessa entrevista que ele declarou isso:
“Folha - O que o senhor pode dizer para um jovem de 15 a 24 anos, que vive em ambientes violentos da periferia? Que ele vai ter escola? Saúde? Perspectivas de emprego? Como afastá-lo de organizações criminosas como o PCC?
Lembo - Acho que você tem duas situações muito graves: a desintegração familiar que existe no Brasil, e a perda... Eu sou laico, é bom que fique claro para não dizerem que sou da Opus Dei. Mas falta qualquer regramento religioso. O Brasil está desintegrado e perdeu seus valores cívicos. É ridículo falar isso mas o Brasil só acredita na camisa da seleção, que é símbolo de vitória. É um país que só conheceu derrotas. Derrotas sociais...Nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa.
Folha - Que ficou assustada nos últimos dias.
Lembo - E que deu entrevistas geniais para o seu jornal. Não há nada mais dramático do que as entrevistas da Folha [com socialites, artistas, empresários e celebridades] desta quarta-feira. Na sua linda casa, dizem que vão sair às ruas fazendo protesto. Vai fazer protesto nada! Vai é para o melhor restaurante cinco estrelas junto com outras figuras da política brasileira fazer o bom jantar.
Folha - Tomar conhaque de R$ 900 [preço de uma única dose do conhaque Henessy no restaurante Fasano].
Lembo - Nossa burguesia devia é ficar quietinha e pensar muito no que ela fez para este país.”

Quem quiser ler toda a entrevista, clique aqui.

Lembram desse movimento ridículo que foi denominado de "cansei"? Este mostra os típicos exemplares da "minoria branca perversa" que protesta em restaurantes cinco estrelas descrita por Lembo. Ele também rechaçou os ataques paranóicos e delirantes da direita e da grande imprensa em relação ao Programa Nacional de Direitos Humanos – 3 (PNDH-3). Ele reconhece o avanço do PNDH-3 para o país e como manda o título do artigo, diz a todos irem à fonte.
Agora o mais recente texto de Cláudio Lembo diz sobre o atual momento das eleições e a irracionalidade e perversidade da direita em jogar tão baixo nesse momento. Vale a pena ler esse artigo:
“Tempo de refletir
Cláudio Lembo
De São Paulo
Nesta segunda feira, cada eleitor poderá dizer: no domingo, as eleições. A campanha cívica aproxima-se de seu final. Todos os segmentos sociais e todas as idéias políticas tiveram seu espaço.
Nunca tantos partidos de esquerda ofereceram seus posicionamentos. Raras vezes, como nesta campanha, a direita mostrou todo o seu furor. Reuniu-se em pequenos grupos. Criou falsos temores.
A democracia conviveu com todos os antagonismos de forma serena e superior. Os grandes setores sociais mostraram-se críticos, sem provocar qualquer extremismo.
Um colégio eleitoral ativo, imenso como o brasileiro, tem conferido exemplos de pleno respeito aos princípios políticos democráticos. Tudo foi argüido contra este ou aquele candidato.
A sociedade assistiu impassível às múltiplas insinuações e às desconfortáveis situações. Recolheu todos os elementos em sua consciência. No próximo domingo, concederá seus votos, nos candidatos aos vários cargos eletivos, com a certeza de quem recolheu elementos para uma decisão qualificada e nítida.
Se alguma comparação fosse possível - as comparações em política sempre se apresentam insatisfatórias -, a campanha, que ora chega ao seu final, aproxima-se daquelas dos anos cinqüenta.
De um lado, um líder popular, como Getúlio naquela época, e de outra parte pequenos segmentos urbanos, politicamente marginalizados, na busca de criar imagens artificiais e, pois, sem conexão com a realidade.
A diferença básica, entre os anos cinqüenta e esta primeira década do século XXI, é a expressiva ausência de repercussão dos posicionamentos de direita no cenário político.
Por paradoxal que pareça, as personagens atuais da direita brasileira são as mesmas que combateram o nativismo dos anos sessenta, que levou a construção de grandes obras de infra-estrutura.
Não se conforma, a direita, em perder privilégios e constatar que a sociedade, desde a democratização, movimentou-se e avançou para tornar os brasileiros mais iguais, apesar das imensas diferenças ainda existentes. Aqui, como em toda a parte, a direita sempre se mostra irracional, perversa e sem nítidos posicionamentos. Quer uma ordem sem espaços para a vida. Uma lei sem possibilidades iguais para todos.
Felizmente, os pequenos movimentos de direita, apesar das muitas ampliações de suas falas, não atingiram o fundamental: a estabilidade das instituições.
Apesar das escaramuças verbais, a economia manteve-se sólida e confiante. As pessoas foram e retornaram para seus locais de trabalho com a normalidade da rotina do cotidiano.
Os meios de comunicação - agora incluída a internet e os demais veículos eletrônicos - mantiveram-se ativos e alguns contundentes. Nada foi cerceado, sequer por meio do Judiciário.
Esta semana é a última etapa de um processo eleitoral exitoso. Um exemplo para quem pretenda aprender democracia. Resta, agora, esperar o voto do eleitor. Ele apontará o melhor para a sociedade.
Os brasileiros, em todas as ocasiões, quando foram chamados a escolher o presidente da República, sempre o fizeram de acordo com as circunstâncias e com as necessidades sociais do momento.
Não será diferente nesta oportunidade. Os candidatos colocados à disposição do eleitor contam com posicionamentos bem definidos e histórias de vida repletas. Dignas de respeito.
O eleito terá pela frente, entre as tarefas rotineiras de dirigir o Estado, a missão de reconstruir as estruturas legais que suportam a vida dos partidos políticos.
Os processos de redemocratização conduzem ao aparecimento de múltiplas legendas. As democracias estáveis exigem a racionalização do quadro partidário.
A economia vai bem. Basta continuar na trilha traçada. Os costumes partidários vão mal. Exigirão atenção, cuidado e sensibilidade do futuro presidente da República.
Na hora de votar, é preciso lembrar esta exigência do nosso quadro partidário. Como está, não pode ficar.

Cláudio Lembo é advogado e professor universitário. Foi vice-governador do Estado de São Paulo de 2003 a março de2006, quando assumiu como governador.”

O artigo original está no site do Terra aqui.


Share/Bookmark

Um comentário:

Jairo Grossi disse...

E aí Beto! Tudo bem?
Lembra que conversamos na escola sobre o Cláudio Lembo. Ele teve que lidar com os ataques do PCC, em 2006, quando Alkmin estava licenciado para concorrer com Lula, à presidência da república.
O video no Youtube está no link que estou te passando a seguir:
http://bit.ly/ddSVEu
Faz parte de um documentário exibido pelo Discovery Channel, entitulado "São Paulo sob Ataque".
Se estiver sem tempo, o Lembo aparece a partir dos 5 minutos iniciais do video. Vale a pena rever as cenas de um momento muito preocupante para a segurança de nosso estado.
Esta já era a segunda vez que o PCC promovia um amotinamento em massa: cinco anos antes, em fevereiro de 2001, mais de 20 casas se rebelaram, tornando o grupo mundialmente conhecido e desmoralizando o governo paulista, que negava inclusive a existência do PCC.