9.2.11

Madame Danuza Leão e a face escravocrata da elite brasileira


Ano passado, durante as eleições presidenciais, parte dos eleitores de José Serra saíram do armário e mostraram a verdadeira face anti-povo que possuem. Primeiro, foram os episódios envolvendo religião e depois descambou para o preconceito puro contra os que votaram em Dilma, principalmente os nordestinos. Vale lembrar que estes têm seus porta-vozes na chamada grande imprensa brasileira (PIG), os quais possuem grande espaço para dar vazão a essa parte da sociedade que pensa(?) como se estivéssemos na época da casa grande e senzala. Esse sentimento escravocrata ainda é muito presente na sociedade brasileira e é despertado quando a minoria que sempre desfrutou dos privilégios começa a ser “incomodada” pelos milhões que estão ascendendo socialmente atualmente no Brasil. Esse pessoal começou a ver que aqueles que sempre foram tidos como “gentinha”, “baianos”, “ralé” e outros adjetivos até mais rancorosos, começaram a comprar geladeira, carro, computador, a ter casa própria, a viajar de avião, ou seja, parafraseando Lula, nunca antes nesse país isso tinha acontecido. Com isso o Brasil foi o último país a entrar na crise financeira de 2008 e o primeiro a sair e hoje aspira ser a quinta economia do mundo até 2016. A elite, representada muito bem no PIG, vira e mexe solta as pérolas racistas e coseguem chegar ao limite da estupidez sem ter um pingo de vergonha na cara. Já não bastou aquele triste comentário do reacionário lunático Luiz Carlos Prates, onde culpou, os pobres que compram carros e o governo Lula de ter facilitado isso pra eles, pelo aumento dos acidentes e mortes no trânsito. Agora surge ninguém menos que Danuza Leão em um artigo intitulado “Luta de Classes” na Folha de S.Paulo (FSP) para despejar todo o rancor elitista contra aqueles que eram acostumados a serem, para eles, eternos empregados. O artigo pode ser lido aqui. Danuza trata com superficialidade o tema que foi abordado em matéria pelo jornal FSP em relação a dificuldade de achar empregadas domésticas na cidade de São Paulo. A matéria está abaixo:

“Achar doméstica vira desafio na metrópole
Famílias antes acostumadas a contar com serviços dentro de casa têm de adaptar hábitos ou pagar salários melhores
Brasil tende a seguir caminho dos países desenvolvidos, onde contratar empregadas é luxo, diz especialista
CRISTINA MORENO DE CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO
6 de fevereiro de 2011
Há 15 anos, bastava um anúncio de três linhas no jornal para atrair 200 candidatas a um emprego doméstico numa segunda de manhã.
Hoje, com ofertas também via SMS e internet, menos de 30 candidatas por dia vão às agências atrás de uma vaga, dizem profissionais de recrutamento ouvidos pela Folha.
O resultado da conta é que os salários subiram e está cada dia mais difícil de encontrar mão de obra disponível.
A diretora de RH Cinthia Bossi, 39, abriu mão de contar com alguém que dormisse em casa ou trabalhasse nos finais de semana. Chegou a trocar de empregadas seis vezes em cinco meses e vai ter que trocar pela segunda vez neste mês. Nos últimos três anos, o salário que paga subiu de R$ 600 para R$ 1.000.
Ela não é exceção. As donas de casa estão tendo que abrir mão de antigas “mordomias”, como ter uma auxiliar 24 horas por dia, com folgas quinzenais. “Já tenho amigas que abrem mão de alguém que cozinhe e colocam as crianças na escola mais cedo. Se querem a empregada no sábado, pagam hora extra.”
A técnica em alimentos Kátia Ramos, 34, também desistiu de ter alguém que durma em sua casa. Chegou a passar um mês sem empregada e babá -com quadrigêmeos de 1 ano e 11 meses e dois filhos adolescentes.
Ela cogita cortar de vez a despesa com o auxílio doméstico quando os filhos crescerem. Hoje, já ajuda nas tarefas da babá e cozinha.
Especialistas ouvidos pela Folha traçaram o seguinte panorama: mais mulheres entraram no mercado de trabalho, precisando cada vez mais de empregadas para cuidar de casa. Ao mesmo tempo, o aumento das oportunidades de trabalho e de educação fez com que menos pessoas quisessem seguir o trabalho doméstico, ainda muito discriminado, inclusive pela legislação do país.
“Estamos em um período de transição”, afirma Eduardo Cabral, sócio da empresa de RH Primore Valor Humano. “Talvez a próxima geração valorize mais a doméstica porque estão ouvindo mais os pais falando dessa dificuldade de encontrá-las.”
Para a pesquisadora do Insper Regina Madalozzo, esse período de transição, até haver uma real valorização do trabalho doméstico, ainda vai durar uns 20 anos.
Mas a curto prazo, diz ela, a relação entre patrão e empregado vai mudar, passando a ser mais profissional.
“A tendência é que se torne um luxo, ao menos nos grandes centros”, afirma Cássio Casagrande, procurador do Ministério Público do Trabalho e professor de direito constitucional da Universidade Federal Fluminense.
A experiência de Michelle Almeida, 29, é ilustrativa. Ela começou como babá em 2003, ganhando R$ 350 mensais e dormindo na casa dos patrões. Agora em seu terceiro emprego, após dois cursos de capacitação como babá, ganha R$ 1.300, de segunda a sábado, das 8h às 18h.”



A reportagem diz que com maior oportunidade de trabalho e educação, menos pessoas procuram trabalhar como empregados domésticos. Com isso os salários tendem a aumentar, o que para aquela parte das pessoas que achava muito pagar menos que um salário mínimo para uma empregada é um ultraje. Ou seja, queiram ou não, vivemos um momento de recordes de empregabilidade, reflexo principalmente das políticas do governo Lula, o qual o PIG e a elite não dão o braço a torcer.
O artigo de Danuza mostra como a elite deprecia os mais pobres e os subjulga de acordo com a simplicidade dos atos que alguns cometem. Pior, Danuza faz comparação esdrúxula e infame entre ideologias, no caso ela cita o socialismo e a luta de classes, e o fato de ela pagar aula de natação para a diarista a acompanhar. Olha que bondade da patroa! Depois diz ela que quando contava para os amigos, ninguém dizia nada e ela começou a saber o porque. Trocados começaram a sumir (daí ela faz mais uma comparação estúpida dizendo que deixava porque estava fazendo distribuição de renda!), assim como frutas, sabonetes e o que foi definitivo para Danuza se enfurecer foi quando a diarista comeu metade do tal queijo francês da madame. Onde já se viu isso? Uma pobre “morenona” (Danuza a descreve assim pra não dizer “preta” ou “negra” e por isso acha que foi politicamente correta), que toma duas conduções para ir a casa dela (isso ela mesma diz no artigo), comer queijo importado? Que indolência! Depois ela diz que descobriu outras mancadas da diarista que a conseguiu suportar por dois anos. Lógicamente que a articulista não diz quanto pagava a diarista e depois dessa “horrível” experiência, Danuza Leão resolve que se uma fez, todos que são parecidos com ela devem ser da mesma estirpe, também irão fazer e resolve começar a agir diferente com a próxima empregada. E finaliza com essa pérola:

“Aprendi que a luta de classes começa dentro de nossa casa, e mais especificamente, dentro da geladeira. E enquanto o mundo não muda, passei a comprar queijo de Minas, que além de tudo não engorda.”

Ou seja, na cabeça dela, comprando o queijo de Minas ela estará, de certa forma, punindo aqueles (que pra ela são todos iguais) que um dia ousaram a experimentar o queijo francês que só ela e seus pares gostam e tem o direito de usufruir. Assim Danuza Leão acaba “refletindo” e reconhecendo que não há igualdade entre os seres humanos, pois há os superiores (como ela) e os que sempre serão inferiores. É verdadeira casa grande e senzala.
Há um vídeo do humorista Marcelo Adnet, da MTV, que eu coloquei em outro texto meu que mostra exatamente como são esses elitistas. Assista aqui.

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Um comentário:

Daniele disse...

Primo Compadre, rs, vc é demais mesmo!! Certas coisas nos dão nojo e vergonha de morar no mesmo território nacional de certas "madames ignorantes"...E pensar q é a ponta do iceberg...bj!