Não é de hoje que a grande imprensa brasileira, sendo os
principais grupos – Folha, Estado, Globo, Bandeirantes e Abril (que publica a
revista VEJA) – participa ativamente da política do país. Lógicamente que essa
participação é necessária e democrática, mas desde que a diversidade e
pluralidade de idéias e opiniões sejam garantidas por estes que, infelizmente,
ainda dominam a maior parte da informação veiculada no país. Sabemos que a
política é um jogo, onde a maioria dos que ali estão, governo e oposição,
defendem interesses e somente “brigam” pelo poder. No Brasil, essa grande
imprensa acaba jogando só de um lado desse jogo e assume de vez o papel de um
partido político efetivo. Tanto que a própria presidente de uma entidade que os
representa assumiu que a verdadeira oposição ao governo federal são eles. Desde
a eleição do Lula, essa grande imprensa passou a fazer uma espécie de
“dobradinha” com a oposição, ainda mais com o PSDB, onde um pauta o outro com o
objetivo político de tirar ou até derrubar (como quase tentaram em 2005 com o
caso do mensalão) o grupo político rival, especialmente o PT.
Desde então, alguns jornalistas presenciaram uma exacerbação
dessa partidarização da mídia e quando não concordaram mais em fazer parte
dessa manipulação acabaram sendo demitidos ou preferiram sair desses veículos.
Casos emblemáticos foram os jornalistas Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna,
que eram da Globo e ambos relataram a manipulação grosseira durante as eleições
presidenciais onde Lula foi eleito e reeleito.
A rede Record, em virtude da concorrência direta com a
Globo, acabou absorvendo parte desses jornalistas e acabou saindo um pouco do
pensamento único ainda vigente na grande imprensa já citada. A associação da
Record com a igreja Universal é ultrajante, ainda mais tendo como líder uma
figura como Edir Macedo, mas os donos desses outros veículos de comunicação não
perdem nada para ele. Roberto Marinho, por exemplo, foi ligado, apoiou e se
beneficiou enormemente com os ditadores brasileiros durante o regime militar.
Então, quando essas duas emissoras brigam fazendo reportagens negativas uma
sobre a outra é bom para a democracia.
A Record ainda não é exemplo de jornalismo, mas consegue se
sobressair em reportagens sobre a política, onde quebra um pouco o anti-petismo
propagado pelo resto da grande imprensa. Mas ainda faz parte do pensamento
único sobre as questões sociais, por exemplo, como a ojeriza que todos os
grandes veículos de comunicação possuem em relação aos movimentos sociais,
principalmente contra o MST. A emissora também é usada para fins pessoais como
o ataque sistemático à um pastor que é concorrente e ex-braço direito do dono
da emissora.
A Globo já é a emissora que detém o monopólio da “verdade”,
a qual é a que “embasa” esse pensamento único. Este possui as seguintes diretrizes:
- anti-povo (onde a opinião realmente ouvida é da classe
dominante)
- anti-petista (o que demonstra o seu total partidarismo)
- anti-trabalhista (onde a emissora se torna porta-voz de
bancos e empresários)
- anti-movimentos sociais (fica sempre ao lado de
latifundiários, ruralistas e coronéis)
- anti-integração dos países em desenvolvimento e pobres (
que demonstra total subserviência aos ditames dos países mais ricos).
Tudo isso é seguido também pelos outros veículos de
comunicação e quem não reza essa cartilha não tem espaço nestes. Suas
reportagens sempre vão seguir isso e formarão a opinião dos mais ingênuos que
acreditam piamente, mesmo sempre vendo e ouvindo só um lado da notícia.
Vale lembrar um exemplo de manipulação feito pela emissora
Bandeirantes sobre as mudanças no Código Florestal. As reportagens da emissora
sobre o assunto sempre são favoráveis aos interesses dos ruralistas, onde nunca
o outro lado é ouvido. O que pode explicar isso é que o dono da Band, João
Jorge Saad, possui terras e é ligado aos ruralistas.
O que já era ruim na programação da TV aberta está ficando
pior com a infestação de canais religiosos e compra de parte da programação das
emissoras por grupos religiosos.
As emissoras públicas no Brasil deveriam cumprir um papel
melhor e mais abrangente, mas também muitas vezes acabam sofrendo intervenção
política direta. Quando o governo Lula criou a TV Brasil, a chiadeira dessa
grande imprensa foi geral. Partiram para o ataque dizendo que iria ser emissora
do governo manipulando para favorecê-lo, desancaram os jornalistas contratados
e até hoje exigem a sua extinção, pois não vêem necessidade de uma emissora pública
em nível nacional. Em todo esse tempo não vi nada na TV Brasil que lembrasse
esses falsos argumentos ditos por esta imprensa. Aliás, interferência política
e manipulação favorável ao governo ocorrem na emissora TV Cultura que é
vinculada diretamente ao governo estadual de São Paulo, o qual é governado pelo
PSDB há 18 anos. Um exemplo foi quando o jornalista Heródoto Barbeiro foi afastado
depois que questionou José Serra no programa Roda Viva, quando ele ainda era
governador de São Paulo. Agora, os grupos Folha, Estado e Abril foram
gentilmente convidados pela TV Cultura para ter espaço na emissora em horário
nobre. A Folha já está com uma grade na TV Cultura e incoerentemente é uma das
maiores críticas da TV pública no país.
Portanto, no caso das emissoras de TV comerciais a
manipulação para favorecer interesses de grupos políticos, empresariais e
religiosos é notável. A constituição deveria ser cumprida nesses casos, onde a
transmissão é uma concessão pública e estes deveriam seguir regras
constitucionais, mas isso não ocorre. Já as emissoras públicas devem ser
transparentes e garantir a independência jornalística e buscar favorecer o
interesse público para se contrapor aos interesses puramente comerciais das
outras emissoras.
◦
OBS: Não agüento mais ver e ouvir falar a mesma coisa os
comentaristas dos telejornais da Globo, Bandeirantes e SBT. Casoy, Jabor,
Neumane Pinto, Merval Pereira, todos possuem a mesma opinião.
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