9.5.12

As relações político-midiáticas no Brasil - 1

                                                           ( Fonte: http://bit.ly/IYwUvH) 
Não é de hoje que a grande imprensa brasileira, sendo os principais grupos – Folha, Estado, Globo, Bandeirantes e Abril (que publica a revista VEJA) – participa ativamente da política do país. Lógicamente que essa participação é necessária e democrática, mas desde que a diversidade e pluralidade de idéias e opiniões sejam garantidas por estes que, infelizmente, ainda dominam a maior parte da informação veiculada no país. Sabemos que a política é um jogo, onde a maioria dos que ali estão, governo e oposição, defendem interesses e somente “brigam” pelo poder. No Brasil, essa grande imprensa acaba jogando só de um lado desse jogo e assume de vez o papel de um partido político efetivo. Tanto que a própria presidente de uma entidade que os representa assumiu que a verdadeira oposição ao governo federal são eles. Desde a eleição do Lula, essa grande imprensa passou a fazer uma espécie de “dobradinha” com a oposição, ainda mais com o PSDB, onde um pauta o outro com o objetivo político de tirar ou até derrubar (como quase tentaram em 2005 com o caso do mensalão) o grupo político rival, especialmente o PT.
Desde então, alguns jornalistas presenciaram uma exacerbação dessa partidarização da mídia e quando não concordaram mais em fazer parte dessa manipulação acabaram sendo demitidos ou preferiram sair desses veículos. Casos emblemáticos foram os jornalistas Luiz Carlos Azenha e Rodrigo Vianna, que eram da Globo e ambos relataram a manipulação grosseira durante as eleições presidenciais onde Lula foi eleito e reeleito.
A rede Record, em virtude da concorrência direta com a Globo, acabou absorvendo parte desses jornalistas e acabou saindo um pouco do pensamento único ainda vigente na grande imprensa já citada. A associação da Record com a igreja Universal é ultrajante, ainda mais tendo como líder uma figura como Edir Macedo, mas os donos desses outros veículos de comunicação não perdem nada para ele. Roberto Marinho, por exemplo, foi ligado, apoiou e se beneficiou enormemente com os ditadores brasileiros durante o regime militar. Então, quando essas duas emissoras brigam fazendo reportagens negativas uma sobre a outra é bom para a democracia.
A Record ainda não é exemplo de jornalismo, mas consegue se sobressair em reportagens sobre a política, onde quebra um pouco o anti-petismo propagado pelo resto da grande imprensa. Mas ainda faz parte do pensamento único sobre as questões sociais, por exemplo, como a ojeriza que todos os grandes veículos de comunicação possuem em relação aos movimentos sociais, principalmente contra o MST. A emissora também é usada para fins pessoais como o ataque sistemático à um pastor que é concorrente e ex-braço direito do dono da emissora.
A Globo já é a emissora que detém o monopólio da “verdade”, a qual é a que “embasa” esse pensamento único. Este possui as seguintes diretrizes:
- anti-povo (onde a opinião realmente ouvida é da classe dominante)
- anti-petista (o que demonstra o seu total partidarismo)
- anti-trabalhista (onde a emissora se torna porta-voz de bancos e empresários)
- anti-movimentos sociais (fica sempre ao lado de latifundiários, ruralistas e coronéis)
- anti-integração dos países em desenvolvimento e pobres ( que demonstra total subserviência aos ditames dos países mais ricos).
Tudo isso é seguido também pelos outros veículos de comunicação e quem não reza essa cartilha não tem espaço nestes. Suas reportagens sempre vão seguir isso e formarão a opinião dos mais ingênuos que acreditam piamente, mesmo sempre vendo e ouvindo só um lado da notícia.
Vale lembrar um exemplo de manipulação feito pela emissora Bandeirantes sobre as mudanças no Código Florestal. As reportagens da emissora sobre o assunto sempre são favoráveis aos interesses dos ruralistas, onde nunca o outro lado é ouvido. O que pode explicar isso é que o dono da Band, João Jorge Saad, possui terras e é ligado aos ruralistas.
O que já era ruim na programação da TV aberta está ficando pior com a infestação de canais religiosos e compra de parte da programação das emissoras por grupos religiosos.
As emissoras públicas no Brasil deveriam cumprir um papel melhor e mais abrangente, mas também muitas vezes acabam sofrendo intervenção política direta. Quando o governo Lula criou a TV Brasil, a chiadeira dessa grande imprensa foi geral. Partiram para o ataque dizendo que iria ser emissora do governo manipulando para favorecê-lo, desancaram os jornalistas contratados e até hoje exigem a sua extinção, pois não vêem necessidade de uma emissora pública em nível nacional. Em todo esse tempo não vi nada na TV Brasil que lembrasse esses falsos argumentos ditos por esta imprensa. Aliás, interferência política e manipulação favorável ao governo ocorrem na emissora TV Cultura que é vinculada diretamente ao governo estadual de São Paulo, o qual é governado pelo PSDB há 18 anos. Um exemplo foi quando o jornalista Heródoto Barbeiro foi afastado depois que questionou José Serra no programa Roda Viva, quando ele ainda era governador de São Paulo. Agora, os grupos Folha, Estado e Abril foram gentilmente convidados pela TV Cultura para ter espaço na emissora em horário nobre. A Folha já está com uma grade na TV Cultura e incoerentemente é uma das maiores críticas da TV pública no país.
Portanto, no caso das emissoras de TV comerciais a manipulação para favorecer interesses de grupos políticos, empresariais e religiosos é notável. A constituição deveria ser cumprida nesses casos, onde a transmissão é uma concessão pública e estes deveriam seguir regras constitucionais, mas isso não ocorre. Já as emissoras públicas devem ser transparentes e garantir a independência jornalística e buscar favorecer o interesse público para se contrapor aos interesses puramente comerciais das outras emissoras.



OBS: Não agüento mais ver e ouvir falar a mesma coisa os comentaristas dos telejornais da Globo, Bandeirantes e SBT. Casoy, Jabor, Neumane Pinto, Merval Pereira, todos possuem a mesma opinião.

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